História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636. Vol 33

Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional

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mortos e 20 feridos Trouxe os 2 citados prisioneiros, que afirmaram que o comandante do forte de S. Jorge, chamado Antônio de Lima estava preso e o do forte do mar fugira, sendo ambos acusados de se não haverem esforçado bastante na defesa das mesmas praças, e também que Albuquerque não queria ouvir'falar em se dar quartel entre ele e nós, não querendo mesmo resgatar o seu próprio confessor; que era um capuchinho.Segundo as ordens da metrópole, focam os conselheiros políticos investidos pelos nossos no exercício do sou cargo. Apresentou-se no dia seguinte uma força inimiga, a cavalo, do outro lado do Recife e do fortim situado abaixo da cidade e perto do mar, força que se retirou logo que do forte dispararam um tiro que acertou num cavaleiro.No outro dia nomearam comissários para os gêneros e munições e ficou resolvido deitar abaixo as árvores ao redor do convento e queimar as casas ali situadas, para se descortinar melhor ao longe e evitar que o inimigo fosse atacar os nossos às escondidas, resoluções que trataram de por imediatamente em execução. Reuniu-se no dia 18 o conselho para tratar das fortificações necessárias e achou de conveniência fazer trincheiras no convento de Antônio Vaz, para evitar o ataque do inimigo do lado do continente, e construir uma fortificação, na península, com 4 baluartes, no lugar onde Albuquerque estivera antes e começara a fortificar-se, isto é, na entrada para o Poço, em frente ao canal, de sorte que nenhum navio pudesse entrar contra a nossa vontade. O tenente-coronel Seton saiu da cidade com uma força em direção ao monte, donde os portugueses vinham diariamente espiar os nossos, afim de ver se era possível fortifica-lo, e pôs fogo a algumas casas em que o inimigo vinha alojar-se á noite e que estavam muito perto do nosso nariz. O coronel foi no outro dia examinar o monte e apesar de ver que, se o inimigo fosse alojar-se ali e montasse algumas peças, poderia fazer grande dano ao convento dos Jesuítas e pô-lo em ruínas, contudo julgou que não tinha forças suficientes para ocupar tantos postos.No dia 20 veio ter com os nossos um índio, desertor da ilha de Itamaracá, e deu-lhes informações bem regalares sobre a situação da ilha e do forte ali existente, como, por exemplo, que no forte situado em um lugar elevado havia 11 peças e 400 ou 500 homens. No dia seguinte o yacht Phoenix e outro trouxeram uma barca que fora capturada com 220 pipas de vinho, vinda da Madeira, e nesse mesmo dia foram mandados 300 marinheiros para o Recife, afim do cortar a madeira necessária para a construção do forte.Fez-se á vela do Recife para Santa Helena, no dia 22, o vice-almirante Jost van Trapen, chamado Banckert, com o navio Emilia, como almiranta, o Salamander, como vice-almirante, o Netunus, como sota-almiranta, e mais o Amsterdam, o Groeninghen, o Enchuysen. o post-paerdt e o Maen,quase todos navios grandes, dos quais mais tarde ainda falaremos. Aos 23 do mesmo mês foi mandado o capitão Cornelis Cornelisz. Jol com a sua chalupa para a ilha de Antônio Vaz, afim de buscar água doce, e, ali chegando, descobriu um grupo de portugueses ocupados em envenenar os poços e que fugiram ao avistar os nossos. Havendo alguns soldados bebido da água imprudentemente,