com ela, e por estar tão metido em terra que tomou sonda somente de cinco braças, e se temer de parceis encobertos, deu volta para o norte. À manha de 15 viu outras duas velas, uma adiante e outra a sotavento de través consigo; deu caça imediatamente a esta. Como a vela estava chegada à terra e acabava de soltar o pano, e caminhou primeiramente um pedaço ao norte, o Commandeur a deixou ir, e içou bandeira portuguesa, o que vendo o inimigo, e fazendo conta ser o Dotphijn navio português, aproximou-se bastante dele, mas, entrando em duvida, deu volta, e pôs proa à costa. O Commandeur deu primeiramente quatro tiros, e logo mandou a ela a chalupa com quatorze homens: vendo os Portugueses que se não podiam escapar, meteram o navio por entre os parcéis, e deram com ele sobre um banco pegado à terra, e se puseram em fugida em numero de trinta e quatro. Faziam tenção de meter no fundo o seu navio, mas os nossos foram logo com eles: saltavam de um lado, quando os nossos entraram pelo outro. A nossa gente assenhoreou-se do barco, e o levou dali, e por estar mui carregado, foram tiradas sobre a tarde dez caixas de açúcar, e ao outro dia dezenove. O dito barco foi tripulado por dezenove, homens. Ao meio-dia tornou o Commandeur a avistar outra vela, e mandou a ela o barco ultimamente tomado; este brigou com o navio inimigo, que, por estar melhor artilhado e defender-se bravamente, bem como por não poder chegar-se a ele o navio grosso, se escapou depois de algumas horas de luta. Dos nossos foram feridos três, pelo que o Commandeur pôs mais gente no barco, perfazendo o numero de vinte e dois homens. Ao meio-dia de 18 foi em altura de 8 gr. e meio. Ao dia seguinte deu fundo ao lado do porto de Pernambuco em quinze braças, fora da vista de terra. A 21 fez-se à vela e governou ao sul com vento lesnordeste. Logo depois avistou uma frota de vinte e dois navios, que ia diante de si caminho do sul; o Commandeur cerrou o vento para bem reconhecer a frota, e aproximando-se dela por volta do meio-dia (pois a frota dera volta para vir ao seu encontro), viu que eram navios portugueses, entre os quais havia treze ou quatorze com velas redondas, e alguns assaz grossos, nomeadamente a almiranta, vice-almiranta e sota-almiranta, que lhe pareceu terem duas bandas de artilharia; os mais eram caravelas, e uma delas bastante grossa. Todos os navios estavam pouco metidos na água, o que fez crer ao Commandeur que não continham senão muitos soldados. A caravela pretendeu tomar-nos o barco, mas o Dolphijn atirou-lhe três vezes, e ela retrocedeu. Os nossos fizeram também fogo contra o vice-almiranta, que igualmente os salvou; mas, havendo o Commandeur que naqueles navios não faria prosa, deu volta, e afastou-se da frota fazendo força de vela. A frota acompanhou-o, mas, pois nenhum dos seus navios grossos podiam alcançar os nossos, e os pequenos não ousavam aproximar-se, sobre a tarde abandonou o Commandeur e seguiu para o norte. O barco tomado foi descarregado; encontram-se nele sessenta e sete e meia caixas de açúcar, o mais era farinha, de que os nossos tomaram a porção que lhes era necessária, e esbulhado o barco de tudo o mais; puseram-lhe fogo. Isto sucedeu em altura de 9° Limparam um pouco o navio. O Comm andeur caminhou um pouco mais para o norte, fazendo tenção de pairar
História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636.Vol. 30
Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional