e sete e oito léguas mais para o norte dele. As terras de Cuba se representavam feitas em lombas, mas não mui grossas. No fim deste mês por tarde decaio sobre a frota um naviozinho inimigo, que foi apreendido pelo Goude Leeuwe na altura de 22 gr. e meio; vinha de Nova Espanha com carga de bolacha e farinha, uma pouca de salsaparrilha, quarenta e oito couros, curtidos e não curtidos, uma caixa com mercadorias, cento e sessenta e uma pias, trás, alguma prata lavrada e jóias de ouro. Soube-sé pelos seus tripulantes que a armada de Nova Espanha havia partido cousa de um mês atrás do porto de S. Juan de Ulua para Havana, pelo que era de crer que já então fosse chegada a este ultimo porto. Na entrada de Setembro a frota ainda se manteve nas paragens do dito cabo. O naviozinho tomado foi descarregado, e, esbulhado de tudo o que podia servir, largaram o casco às ondas. Vendo o almirante que era escusado deter-se no cabo, e fazendo conta que as armadas já então haviam de se achar em Havana, se deliberou a seguir para as Tortugas a ver se podia haver as mãos alguns navios retardados. A 2 de Setembro a frota deu às velas caminho do norte; ao meio-dia era em altura pouco mais ou menos de 23°. A 4 altura de 24° 30', e ao outro dia, como fizesse bom tempo, ordenou o almirante que se limpassem os navios o melhor que pudessem. Começou a frota a tomar o fundo das Tortugas em cinqüenta braças, e governou então ao rumo de leste. A 6 sonda de trinta e duas braças. Ao seguinte dia altura de 24° 40', sonda de dezesseis braças; as Tortugas eram em distancia de légua e meia leste oeste com a frota. Esta navegou cinco ou seis léguas pela derrota do sudoeste, e depois obra de onze léguas pela do sudeste quarta a sul, com que ao meio-dia de 8 foi outra vez em altura de 23° 58'. A 9 amanheceu sobre o cabo da Florida em nove braças, terra delgada com praias de areia branca; estava este cabo ao norte da frota. Esta deu volta para o sul, pelo mar se fazer repentinamente raso, perdendo muitas vezes vinte braças de água em a distancia de um tiro de colubrina. Por volta de meio-dia o almirante avistou primeiramente seis ou sete velas, e cada vez mais, chegando por fim a contar mais de quarenta. Mandou içar a bandeira do Príncipe no mastro e na popa, e o mesmo fizeram os mais navios: por estar a barlavento da armada contraria, afastou-se até que debaixo pudesse ver distintamente e contar os navios espanhóis. O almirante, metido o leme a sotavento, convocou a seu bordo o conselho secreto, e posto o caso em consulta, não houveram por acertado acometer com tão poucos navios aquele poder de naus, pelo que soltaram-se as velas, e logo a nossa frota perdeu a vista da armada espanhola. Se acaso a frota do general Boudwijn Endricksz, ali se achasse junta com a do almirante, fora esta a conjuntura mais azada, que em muitos anos se deparou, de fazer dano ao inimigo, mas Deus não foi servido de o permitir. O almirante teve não somente de deixar passar incólume a armada espanhola, como nem sequer pôde acompanhá-la para apreender algum navio, que se deixasse ficar atrás, por faltar-lhe a água necessária para tão longa viagem; e pois deu-se pressa em procurar onde fizesse aguada.Ao meio dia de dez era a sua frota em altura de 25° 12'; olhando para traz, ainda se podiam ver os navios espanhóis a sotavento ao outro dia era sobre
História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636.Vol. 30
Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional