História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636.Vol. 30

Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional

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em 12 graus, escassos Ao outro dia foram nos bateis à terra, mas a arrebentação não lhes permitiu tomá-la. Acudiram à praia alguns trinta negros, que batiam a um tempo as mãos, se acocoravam, e tornaram a bater as palmas, levantando as mãos acima das cabeças. Indicaram aos nossos uma certa ponta, para onde deviam remar. Os nossos lá foram ter, e encontraram uma formosa aflora com muitos lugares acomodados para desembarque ; seguiram pois para a praia, e lançaram a fateira ao mar. Viram na praia bem cem negros, mas, como não se fiavam deles, mandaram seu nego sair em terra com uma corda atada ao corpo, e algumas amostras de mercadorias, para serem comutadas por refrescos. O negro deixou-se ficar com água pelos joelhos; veio ter com ele um dos de terra, e es tiveram praticando muito tempo; o de terra volveu ao seu bando, e depois de se entenderem uns com os outros, tornou o mesmo negro, acompanhado de outro, armado de arco e seta, os quais sem mais detença procuraram agarrar o nosso língua. Vendo isto, grita o Commandeur aos seus, que estavam na distancia junto do cabo da fateixa, que o colhessem; mas, pois por descuido estava o cabo solto, os negros, valendo-se da corda, puxaram o batel para si. Os nossos cortam a corda, começam a colher o cabo, mas este prendeu-se em uma pedra, com o que ficaram de través com a praia. Os negros expediram temerosamente as suas setas, que caiam como saraiva, e logo ficaram feridos nove dos nossos, que também os salvaram com os tiros de três pedreiros e de alguns mosquetes, com o que deitaram por terra alguns negros, ficando os mais envoltos na fumaça. No entretanto foi colhido o cabo, apanharam três remos na água, e safaram-se com o adjutório divino. O Commandeur, um capitão militar, e mais outro receberam cada um três feridas. Fincaram-se tantas setas no batel, algumas das quais o atravessaram com as pontas, que impediam remar. Como o prazo marcado ao Commandeur estava esgotado, e não pode ele haver nova alguma, governou de novo para o norte para se juntar com o vice-almirante, como na entrada de Dezembro se juntou no cabo Ledo, onde ele estava surto.Havia muitos doentes na frota, e falta dos necessários refrescos, pelo que se determinou o vice-almirante a seguir para o rio de Congo. A 6 os iates fundearam no Padrão, e a 8 a 9 os navios grossos. De Loanda até ao rio de Congo, o surgidouro é bom ao longo da costa,. Na altura de 8º a terra é grossa e dobrada com muito arvoredo e areaes brancos, e a espaços tear pequenas angras. Dos 8º até 7° a costa escorre ao norte quarta a noroeste e sul quarta a sudeste, terra igual com muito arvoredo; uma grande légua da costa há fundo de treze até dezessete braças. Dos 7° até 6 1/2 a costa arruma-se ao noroeste quarta a norte e sudeste quarta a sul. Dos 6 1/2 até 6° a costa escorre norte e sul até a ponta do Padrão, que é a ponta meridional do rio de Congo, em altura de 6° 5'. Aqui o vice-almirante, como atrás se disse, encontrou o Commandeur Philips van Zuyien, em cujos navios pôs as cousas em ordem. Depois mandou uma embaixada ao Conde de Sonho, que mora quatro léguas acima da boca do rio, bem como presentes a ele, aos dois dois irmãos, a sua mulher e alguns oficiais. O palácio do conde não levava