ou 3 que distam dali 2 ou 3 milhas, em um lugar à margem dum rio que é preciso passar-se para chegar até ele; esse rio, chamado Paratibe, é ali muito largo, porém adiante estreita-se e fica água morta com cinco palmos ou mais de fundo.§ 17.° " PARAÍBA OU CIDADE FILIPÉIA " De Goiana vai-se à cidade da Paraíba, por outro nome Filipéia, e passa-se por duas aldeias de brasilienses que podem ter de 300 a 350 flecheiros; a mesma cidade da Paraíba está a 25 milhas de Pernambuco e na sua jurisdição existem 18 ou 19 engenhos, que anualmente produzem perto de 150.000 arrobas de açúcar e que é muito bom; a essa cidade chega um rio de 4 milhas de extensão e 14 pés de fundo, de modo que os navios que ali vão recebem os carregamentos de 600 a 700 caixas de açúcar junto à cidade e, estando carregados, descem de novo o rio, voltando para o mar; na foz desse rio há um forte em mau estado, com 11 ou 12 peças de ferro, chamado Cabedelo. Há pouco negócio nessa cidade, que é pequena e situada numa planície; os principais habitantes residem na maioria tora, no campo, a 3 e 4 milhas da cidade; ali plantam mandioca e cereais, mas cousa de pouca consideração.§ 18.° " BAÍA DA TRAIÇÃO " CAMARATUBA " ALDEIAS DE BRASILIENSES " Acima da Paraíba 7 ou 8 milhas está a Baía da Traição, porto muito cômodo para muitos navios, como é sabido dos holandeses; adiante desta baía há um engenho situado num lugar de nominado Camaratuba, o qual faz pouco açúcar e a umas cinco milhas para o interior; segundo penso, não há ali nenhum rio para subir-se até Camaratuba. Esse engenho está ainda sob a jurisdição da Paraíba e nos arredores podem morar uns 40 homens; antes de chegar-se a esse lugar, e nas vizinhanças da Baía da Traição, encontram-se algumas aldeias de brasilienses, a maioria das quais têm sido queimadas pelos portugueses e mortos ou escravizados os brasilienses, porque há mais de 5 anos auxiliaram os holandeses na mesma Baía da Traição e foram por estes enganados, donde provém estarem ainda hoje, segundo dizem os portugueses, muito irritados contra a nação holandesa.
Fontes para História do Brasil Holandês. A Economia Açucareira.
Escrito por diversos autores e publicado por Cia. Editora de Pernambuco MEC/SPHAN/Fundação Pró-Memória.